CHICHEN ITZÁ (México)
Viagem em Abril e Post publicado em Julho de 2016. Chichen Itzá foi uma cidade maia extremamente importante situada na península de Yucatán no México. Ficava na região central da península e no centro das rotas de comércio ligando as cidades maias da região da atual Guatemala, Belize e Honduras aos povos que viviam no norte do México. Dominado pela família Itzá, poderosa militarmente, a cidade cresceu e ganhou seu apogeu em 950 d.C.. Vários Cenotes atraiam outros povos. Para os Maias, eram lagos subterrâneos que brotavam para a superfície e tinham ligação com os Deuses do submundo. Chichen itzá cresceu economicamente pelo comércio e religiosamente com fusão de culturas. Apresentou duas áreas distintas, a zona sul que tinha estilo "Puuc" e a zona central que foi influenciada pela cultura tolteca. Puuc é um dos cinco estilos arquitetônicos maias, presentes na província de Yucatán. A principal característica era as paredes lisas na parte inferior e frisos que decoram o topo. Os prédios eram decorados com máscaras representando Chaak (Deus das Chuvas) e um nariz que ficava proeminente nos vértices de alguns edifícios. Assim, a parte sul do complexo, datava do século VII e venerava o Deus das Chuvas. Muitos anos mais tarde, por volta do século X ocorria a influência tolteca naquela região. A parte central do complexo foi ofertada ao prestígio do Deus Kukulkán (a "serpente emplumada"). Daí surgiu o Templo de Kukulkán, uma verdadeira obra prima arquitetônica. Também conhecido como "El Castillo" (O Castelo) ganhou o título de uma das sete maravilhas do mundo moderno. Vou detalhar melhor a beleza e genialidade desta pirâmide no transcorrer do texto. A cidade começou a declinar por volta de 1200 d.C.. Mas, felizmente foi encontrada pelos arqueólogos, reconstruída e está lá para o mundo visitá-la. Vamos percorrer Chichen Itzá... 1) Praça Central Após entrar no sitio arqueológico você chegará em poucos passos a praça central do complexo. Esta é a parte mais moderna que reverenciava Kukulkán. Aqui estão as estruturas mais legais e majestosas. Por exemplo: O Castelo, o jogo de pelotas, o templo dos guerreiros e a plataforma de Vênus. A área é totalmente descoberta, não tem árvores, então sugiro levar um chapéu e um protetor solar. 2) Templo de Kukulkán ou El Castillo A beleza e esplendor de uma das pirâmides mais famosas do mundo bem a sua frente. Ocupava local de destaque na praça central. A estrutura tem nove níveis e um templo na parte superior que contém colunas adornadas com serpentes emplumadas. Cada lado da pirâmide tinha uma escadaria. Mas somente a face nordeste tinha baluartes em forma de serpente na base da escadaria. Nesta face, anualmente, no dia do equinócio de primavera e outono, o sol cria a ilusão de uma serpente subindo e descendo as escadas da Pirâmide. Este fenômeno atrai turistas do mundo todo e nessas duas datas o sitio arqueológico fica em lotação máxima (20 de março e 23 de setembro). O fenômeno é criado, pois a luz do sol passa pela fachada noroeste e é filtrada pelos patamares. Consequentemente, sete triângulos de luz são projetados entre os degraus e forma-se um corpo de uma serpente de 33 metros. A cabeça do animal foi feito de pedra nos primeiros degraus da escadaria. Assim nasce o efeito que a "cobra emplumada" estaria descendo a pirâmide e fertilizando o solo. A idéia foi fantástica, pois fazer o Deus da serpente emplumada surgir na frente das pessoas mantinha a força da família Itzá e daquela cidade. Após isso as colheitas seriam boas e o povo teria fartura. Uma manipulação da camada mais ignorante da população feita pelos governantes. A genialidade e perfeição do castelo não acaba por aí. Os maias tinham dois calendários: um religioso que tinha 52 anos e um calendário civil de 365 dias. Eram exímios astrólogos e matemáticos. Assim fizeram um templo que continha todas essas informações. A pirâmide tinha 91 degraus em cada lado, totalizando 364 dias e mais um degrau na plataforma superior fechando a conta do primeiro calendário. Cada uma das faces tinham painéis retangulares que totalizavam 52, a referência ao número de anos para começar um novo ciclo. Cada lado da estrutura está exatamente sobre um ponto cardeal e direcionada para o pólo magnético da terra. Não é a toa que uma obra-prima arquitetônica realizada numa era bem remota, sem tanto conhecimento ou computadores, merece o título de uma das sete maravilhas do mundo moderno. Claro que tudo que era perfeito feito nos primórdios da civilização existe o questionamento, por alguns, que poderia ter tecnologia alienígena envolvida. Aqui entra a crença de cada pessoa. Ressalto que o interior do templo infelizmente não pode ser mais visitado pelo turista. Isso é um ponto ruim de Chichen Itzá comparativamente a outros sitios arqueólogos espalhados pelo mundo. Mas os relatos contam que existe um pirâmide menor dentro da atual e aparentemente não saiu perfeita, não dando a sensação do aparecimento da serpente nos equinócios. Então foi feita uma pequena rotação e aumentado o tamanho da estrutura para conseguir a perfeição final. Dentro do templo também foi achado uma escultura de jaguar vermelho com pedras de rubis incrustadas. Outra estrutura tradicionalmente maia seria um "Chac Mool". Trata-se de um homem deitado de barriga para cima e face voltada para o lado e um prato em cima da barriga. Acredita-se que o prato servia para colocar oferendas e esta estrutura é achado em muitas cidades maias, principalmente na parte nortenha do México. Observação (1): Já está farto de quanto reverenciei os maias somente por um templo? Então vou te dar outra informação legal de como os caras eram bons estudiosos. A guia que nos levou afirmou que a acústica da pirâmide também chamou muita atenção. Estando em pé em frente a escadaria nordeste (onde está a cabeça da serpente) faça um barulho monossilábico alto. Resumindo: um grito de uma nota só. Você vai ver um eco distorcido, que pode ser ouvido na pirâmide e do pátio. O barulho que ouvimos parece sair de dentro do templo no topo da pirâmide e de acordo com a guia é muito semelhante ao som da ave QUETZAL. Para quem não sabe, foi um pássaro reverenciado pelos maias que apresentava um longo rabo. As penas eram utilizadas nos cocares dos chefes das tribos. Ainda é possível encontrá-los numa área específica de floresta na Guatemala. Observação (2): Li na internet, que diariamente, por volta das 19 horas é feito um show de luzes no complexo onde é reproduzido a ilusão do efeito do sol e surgimento da serpente sobre os degraus. Mas não tive confirmação desta informação. Como fui de excursão com período certo para retorno, não consegui confirmar. Mas para talvez ver o espetáculo você terá que visitar Chichen Itzá por conta própria, sem tour associado. 3) Jogo de Pelotas e Templo dos jaguares Na parte ocidental da praça central, a sua esquerda, está o maior jogo de pelotas que existiu em todo mundo maia. Mas existe um templo antes de entrar no espaço das apresentações. Chamado Templo dos jaguares, tinha uma parte inferior e outra superior. A parte superior tinha uma janela para o espetáculo, onde ficava o sacerdote. Reforça a hipótese que o jogo de pelotas na verdade fazia parte de um ritual e não apenas um esporte, por isso era observado pelos representantes religiosos. A parte inferior do Templo dos jaguares era voltada para a praça central e não tinha abertura para a área de espetáculos. Ainda é possível ver detalhes interessantes em baixo relevo recobrindo as paredes. Na parte interna, a parede posterior tem ainda pedaços com a pintura original com detalhes vermelho, amarelo e verde. Um trono em forma de jaguar chama atenção no templo. O fundo do Templo dos jaguares era voltada para o campo. E nessa parede existiam detalhes importantes sobre o ritual maia. Os desenhos em baixo relevo descreviam como era praticado o jogo de pelotas. Aqui era possível ver os jogadores dos dois times com roupas típicas. Mas o que mais chama atenção é a parte central onde o capitão de um time arranca a cabeça do melhor jogador do outro time. Acredite, o vencedor era decapitado, assim acreditam os maiores estudiosos daquela civilização. Impressionante como está conservado os desenhos e é possível ver nitidamente o jogador segurando uma faca e a cabeça cortada na outra mão. O jogador decapitado lança jatos de sangue pelo pescoço e os desenhos mostram as gotas se espalhando por toda a área e algumas flores surgindo. O sacrifício representava fertilidade, pois somente com o derramamento de sangue a civilização teria uma boa colheita. O sangue purificava a terra em homenagem aos deuses. O campo de pelotas encontrado em Chichen Itzá foi o maior que existiu na época maia. Medindo 168 metros de comprimento por 70 de largura tinha uma forma clássica da letra "I". Assim a parte central era um pouco mais estreita, onde realmente tinha os aros onde se definia as jogadas. O objetivo principal era colocar a bola através de um dos dois aros verticais colocados em cada lado do campo de jogo. Não podiam usar as mãos e pés. Eles batiam a bola de um lado para o outro do campo com as coxas, quadris e braços até conseguir atirá-la passando pelos aros. Os aros que estão em Chichen itzá não são originais e ficavam a aproximadamente 6 metros do solo. Imagine a força dos atletas, pois a bola pesava em torno de 4 kg. A acústica do lugar também chama atenção. No final do campo existe um espaço reservado como se fosse um camarote. Imaginava-se que era para o representante político do lugar, como um rei. Se você ficar bem encostado nesse lugar, olhar para o campo e soltar um grito monossilábico. É impressionante ecoa por todo o campo uniformemente. Mais um detalhe interessante. Nessa parte descrita que parece um camarote ou uma área para um trono real, existe um detalhe esculpido na parede interna entre as duas colunas. Parece a foto de um Viking (deixei a foto que tirei em anexo para os curiosos). Um dos deuses venerados pelos maias era descrito como um ser alto, loiro, com barba sendo bem diferente dos indígenas da América. Essa representação sugere mesmo que o Deus Kukulkán era na verdade um Viking que chegou as Américas. 4) Plataforma Tzompantli: Saindo do jogo de pelotas, praticamente em frente a parte inferior do Templo dos jaguares, você vai ver facilmente um muro com menos de 2 metros de altura. Ele forma uma plataforma e tem várias fileiras de caveiras esculpidas. A parte superior do muro era utilizada para colocar as cabeças de prisioneiros sacrificados. Essa cultura não pertencia a Chichen Itzá e, para os arqueólogos, foi introduzido naquela comunidade por interferência do povo que vivia mais ao norte do México. Caminhe por todo o muro e bem ao lado dessa plataforma você vai achar outra estrutura que vou descrever abaixo. 5) Plataforma de Vênus: uma estrutura quadrangular com escadarias e imponentes cabeças de felinos. O mais interessante são as paredes laterais que mostram também referências a sacrifícios. Aqui Jaguares e Águias comem corações humanos. Essa cultura, como informei, não pertencia a esta região da América central. Também foi trazida do Norte do país. Imagens semelhantes foram encontradas em "Tula de Allende". #dicaMila: A equipe Mila pelo mundo também visitou a cidade de Tula e vale muito a pena. Fica próximo da Cidade do México, se tiver interesse veja nosso roteiro aqui. Observação: Após a plataforma, antes de caminhar para o próximo templo, do seu lado esquerdo tem o caminho para ir até o Cenote Sagrado. Naquele local, a nordeste da praça central, eram feitos sacrifícios humanos e oferecido presentes aos deuses do inframundo. Contudo, devido ao templo limitado, não conhecemos. 6) Templo dos Guerreiros: Continuando a caminhar pela grande praça central, o Castelo vai passar ao seu lado direito, você chegará bem na frente do "Templo de los Guerreiros". Outra referência às culturas indígenas do norte do México pois é uma cópia do "Templo B de Tula de Allende". Mas nota-se que aqui a arquitetura é muito mais refinada que o templo original. Infelizmente não é possível entrar nesse templo. Você vai se contentar em bater fotos estando no limite da praça. Nota-se que tem aspecto piramidal de três andares e uma grande escadaria central. Na base, ao lado da escadaria, dezenas de colunas quadradas se estendem lateralmente. Muitos desenhos em baixo relevo predominam nas colunas. No topo, é possível ver que a entrada do templo protegido por duas belas colunas em forma de serpente. Em frente a esta porta tem um "Chac Mool", mas da posição que o turista pode chegar é impossível ver a imagem. Preste atenção nos detalhes das paredes do templo lá no topo. Uma pequena cabeça humana sai da boca de uma serpente. Várias plumas circundam a cabeça, representação clássica do Deus Kukulkán. O Deus da "Serpente Emplumada" está presente em muitas cidades Astecas. Lateralmente ao templo, nota-se que as colunas continuam no "patio das Mil colunas". Agora, as colunas são mais arredondadas e sem detalhes em relevo. O turista se contenta em ver apenas as primeiras de cada linha e a fileira de colunas se estendem até a parte posterior do templo. Logo depois você encontrará outro patio quadrangular chamado Mercado coberto (também não dá para entrar). Nota-se a porta ainda intacta e a parte posterior com colunas identificando que possivelmente era uma área coberta. 7) Saindo da Praça Central para outro estilo arquitetônico: Se caminhar até o final das colunas para a direita da praça central, existe um caminho que vai te levar para a parte sudoeste de Chichen Itzá. Já relatei que esta cidade foi uma mistura de culturas. A praça central mais influenciada pelos Toltecas e Tula reverenciando Kukulkán. Agora você vai visitar a parte mais antiga que utilizava a cultura da região de Yucatán. Estilo "Puuc" e suas referências ao "Deus Chaak". Nesse caminho, também é possível ver uma casa maia típica. Basta seguir em frente, passando por centenas de vendedores de souvenirs. Logo depois você passará ao lado do Templo Xtoloc que foi restaurado e fica ao lado de um grande cenote. 8) Templo do Grande Sacerdote: Um pequeno templo piramidal com uma escadaria em cada face e baluartes em forma de cabeça de serpente. Alguns detalhes esculpidos nas laterais embelezam a estrutura. 9) El Caracol ou Observatório: Mais alguns passos você chega a outra estrutura muito famosa de Chichen itzá. Um templo com sua parte superior transformada em observatório astronômico. 10) Complexo das Monjas: Este belo complexo fica bem ao lado do observatório. Primeiramente você vai ver o "Templo das Monjas". Outra estrutura piramidal que a escadaria central está bem destruída. Se continuar caminhando pelo complexo, vai ver o "Anexo" a esquerda do templo e a "Igreja" bem ao lado. O que mais chama atenção do "Anexo" e da "Igreja" é a representação de Chaak. Nos detalhes da parte superior do anexo e nas quinas das paredes da igreja. Observe o grande nariz que o povo maia dava ao seu Deus. 11) Finalizando Chichen Itzá Voltamos correndo a praça central e saímos do sitio arqueológico. Somente 2 horas para ver tudo é impossível Faltou o Cenote Sagrado e a parte sul tivemos que andar bem rápido. Infelizmente são preços que pagamos por tours e excursões. Se quiser ver Chichen Itzá bem devagar, aconselho ir por conta própria, fechando apenas transporte de ida e volta ou quem sabe um transporte público. Infelizmente não sei detalhes, mas minha idéia e fazer isso numa próxima oportunidade e conto para vocês. Para os turistas que se contentam em ter uma idéia geral, sem muito aprofundamento. Acredito que para a maioria das pessoas o TOUR saindo de Playa del Carmen, Tulúm ou Cancún é mais do que perfeito, foi o que a gente fez. |
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